Arte que ultrapassa a sala de aula, auxilia no desenvolvimento dos estudantes e amplia os horizontes de aprendizagem.

Essa é a proposta das atividades e ações artísticas trabalhadas nas aulas das escolas estaduais mineiras. O componente curricular de Artes permite trabalhar diversas abordagens temáticas, levando em consideração sua natureza vivencial, experiencial e subjetiva. Como consta na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e no Currículo Referência de Minas Gerais (CRMG), documentos que orientam as estratégias e projetos da Secretaria de Estado de Educação (SEE/MG). 

Para o ensino da arte, é necessária a abordagem de algumas dimensões fundamentais, como criação, crítica, entesia (sensibilidade), expressão, fruição (afeto com a obra) e reflexão, que ajudam no desenvolvimento do jovem de diversas formas. Por meio de atividades artísticas, é possível aperfeiçoar o pensamento crítico, conscientizar os estudantes sobre temas importantes para a vida social, além de abrir novos horizontes de conhecimento. Muito mais que cores, formas, texturas, sons, movimentos e linguagens, o fazer arte tem o poder de transformar vidas e ampliar repertórios. 

Carlos Normando, professor de arte nas escolas estaduais São Francisco de Assis e Melquiades Batista de Miranda, localizadas respectivamente nos municípios de Carmo do Cajurú e São José dos Salgados, ressalta que o ensino da arte na escola amplia o repertório cultural do estudante a partir dos conhecimentos estéticos, artísticos e contextualizados, aproximando-o do universo cultural da humanidade nas suas diversas representações. 

“Assim, com as atividades artísticas e criativas na escola,  os estudantes são estimulados a praticar as habilidades de observação, senso crítico, criatividade, imaginação e de entendimento do mundo à sua volta. Essas capacidades favorecem o desenvolvimento cognitivo como um todo. A arte deve ser entendida como um componente socializador, cognitivo e humanizador que gera experiências e conhecimentos imprescindíveis para a vida em sociedade”, pontua Normando. 

Ele leciona para crianças e jovens do 6º ano do ensino fundamental até o 3º ano do ensino médio e adequa os conteúdos à realidade de cada estudante e com base na criatividade e na experiência de cada faixa etária. Dentre as temáticas abordadas estão elementos constitutivos das artes visuais, linguagens audiovisuais e arte urbana, como parte do Projeto GrafitArte. O professor destaca que a iniciativa do GrafitArte tem um grande potencial pedagógico, uma vez que se trata de uma forma de comunicação e expressão que estimula a reflexão dos alunos, através do grafite. O projeto também é usado como uma ferramenta interdisciplinar, promovendo o diálogo entre os diferentes saberes e sendo usado como uma forma de socialização no ambiente escolar. 

Arte que ajuda a entender a história

As atividades sobre arte rupestre, realizadas pela Escola Estadual Professor Botelho Reis, em Leopoldina, foram desenvolvidas em fases com os estudantes. A partir de estudos e análises, os alunos puderam ampliar as percepções sobre o tema para, assim, propor pesquisas que dariam forma ao trabalho escrito e às produções artísticas. Para a elaboração das obras e a criação de objetos de releitura espontânea dos desenhos e pinturas, foram usados materiais como terra, sementes, pedras, argilas, pigmentos obtidos de plantas, minerais e carvão vegetal, entre outros. A culminância do projeto foi a exposição dos trabalhos artísticos para toda a instituição.

O professor Adilson Ramos, responsável por essa ação na escola, ressalta que a principal essência das pinturas rupestres eram transmitir história, acontecimentos e legados para as próximas gerações, como forma de registro de eventos para que, assim, os saberes acumulados não fossem perdidos pelo tempo. “As propostas pedagógicas desse trabalho, dentro dos três eixos norteadores (produção, fruição e reflexão) é de levar aos estudantes o conhecimento significativo da função que a arte desempenha nas culturas humanas desde os primórdios”, aponta. 

Mariah Barbosa Netto, estudante do 1º ano do Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI) da escola em Leopoldina, destaca que as aulas de artes podem ajudar os jovens a construir a própria visão de mundo. “As aulas de Artes estimulam a criatividade e ajudam-nos a expressar o que sentimos. As explicações do professor Adilson ajudam-nos a compreender ainda mais o conteúdo que estamos estudando”, comenta.

 Música como estratégia para aperfeiçoar a concentração e desenvolver a empatia

A Escola Estadual Patronato Bom Pastor, em Divinópolis, proporciona o acesso a aulas de percussão e viola para os estudantes do EMTI como uma forma de trabalhar o aperfeiçoamento da aprendizagem. A vice-diretora, Thaísa Ribeiro Almeida, aponta que após a pandemia, a defasagem de aprendizado dos alunos tem sido grande e que a escola precisa auxiliá-los de várias formas, bem como ressalta a ajuda da arte na aprendizagem dos estudantes. “Quando os meninos estão nas oficinas de percussão ou de viola, a gente observa que esses alunos estão concentrados. Ao mesmo tempo em que tocam, eles precisam prestar atenção no professor. E, ao praticar essa atenção e concentração, eles levam isso para a sala de aula.” 

Victor Nunes, músico multi-instrumentista e arte educador pelo Projeto Fazendo Arte de Divinópolis, é o responsável por ministrar aulas de percussão na E.E. Patronato Bom Pastor, entre outras escolas, por meio do bloco BatucArte. “Nesse bloco, com as oficinas de percussão, nós preparamos os alunos para desenvolver habilidades de consciência corporal, ritmica e musicalidade, assim como a gerar um ambiente de colaboração e do coletivo para que eles entendam que cada um se desenvolve em uma velocidade e que eles podem, e devem, ajudar os colegas que têm dificuldade”, pontua. 

Os alunos do 2º ano do EMTI que participam do projeto destacam os benefícios que essa atividade artística tem trazido para o cotidiano deles. Ana Luiza de Oliveira, Bruna Pereira do Rosário, Maria Fernanda Gomes dos Santos e Kauã David Pereira de Oliveira ressaltam que as oficinas de percussão têm ajudado no desenvolvimento da criatividade, no conhecimento da cultura, bem como a vencer a timidez e a ter momentos de descontração durante as aulas em tempo integral. 

A vice-diretora aponta que as aulas de percussão e viola são uma oportunidade desses jovens terem acesso ao estudo de música, durante o contraturno da escola. “Além da aprendizagem, é muito bom ver a escola em movimento. São muitos os benefícios para os nossos alunos”, explica. As turmas das oficinas têm se preparado para uma apresentação no cortejo de aniversário da cidade de Divinópolis. 

Fotos: SEE / Divulgação